quinta-feira, 28 de julho de 2011

O Metal não admitiria uma Amy Winehouse

Mesmo as maiores estrelas do gênero sabem que seus fãs são exigentes e não perdoam papelões ao vivo.


Com a morte, enfim, de Amy Winehouse, muita gente ficou consternada e se perguntou se algo poderia ter sido feito para evitar a chamada “tragédia anunciada”. Mas ela, mulher de 27 anos de idade, que frequentou escola e que tem pai e mãe, já estava bem grandinha e instruída para saber o que é certo e o que é errado, o que se deve ou não fazer. Se ela disse três vezes “não” para a reabilitação, o problema é só dela. Portanto, acredito que não nos cabe julgar sua decisão.

Mas o fato, convenhamos, é que quanto mais “bagaceira” fosse Amy, melhor. E tendo consciência disso ou não, ela caprichava quase que diariamente nos vexames, barracos, flagras e situações bizarras. Dentro e fora dos palcos. O mais espantoso, porém, é que Amy Winehouse parecia não se dar conta nem mesmo de que ela era uma cantora profissional. Ou, pelo menos, deveria tentar ser.

O problema é que o mundo da música tem certa permissividade com vícios e os próprios artistas são atraídos a eles como se isso fosse obrigação de quem está nesse meio. Infelizmente para eles, ser músico é uma profissão que, assim como todas as outras, exige dedicação, estudo, treino e disciplina. Nesse sentido, não basta ter talento, é preciso desenvolvê-lo e colocá-lo em prática. Isso serve tanto para uma cantora, quanto para um executivo, um jogador de futebol ou um médico.

A diferença é que nas outras profissões quem não apresenta bom rendimento é demitido ou, no mínimo, afastado. Já no caso de uma cantora como Amy, com status de celebridade global, o papelão ao vivo parece ser parte do show. É um desrespeito imenso aos que compraram ingressos esperando uma apresentação de alto nível, mas outra parte do público aplaude e se diverte quando ela tropeça em si mesma, esquece as letras ou tenta tomar água na garrafinha sem tirar a tampa.

Da mesma forma, Kurt Cobain, Pete Doherty, Scott Weiland e muito outros são (ou foram) especialistas em passar vergonha nos próprios shows, totalmente fora de si, com atitudes infantis como cuspir e baixar as calças diante da plateia, deixando a música em segundo plano.

Com o Heavy Metal, porém, isso é um pouco diferente. Obviamente muitos músicos do gênero usam drogas, mas eles sabem que possuem um público extremamente crítico e exigente e que, acima de tudo, leva o som muito a sério. Assim, você nunca viu Dave Mustaine, James Hetfield ou Lemmy Kilmister, por exemplo, nem em suas piores fases, caindo no palco ou errando notas. Até Ozzy, que ultrapassou todos os limites, ainda consegue se virar.

Nem as bandas de Hard Rock, campeãs em “festas” e drogas e que usam esses temas para fazer suas letras, fazem papelão quando tocam ao vivo. Mötley Crüe, Aerosmith, Poison, Kiss e até o Guns n’ Roses tiveram seus problemas, mas os shows sempre pegaram fogo. É verdade que os vocalistas sofrem mais e Axl Rose e Sebastian Bach, por exemplo, já quase não conseguem cantar - mas é preciso levar em conta o timbre rasgado, as notas altas e a idade desse pessoal atualmente. Mas os músicos, quando sobem no palco precisam tocar, e bem.

Parece que, de alguma maneira, quem toca Metal sabe que, embora tenha a liberdade como ser humano para fazer a idiotice que quiser, existe um limite ele que não deve cruzar: não pode fazer shows ruins e desleixados, especialmente por estar chapado e não dar a mínima para quem está assistindo. Os ‘headbangers’ se importam, prestam atenção em uma performance ao vivo, sabem o valor de um ingresso e não compactuam com comportamentos infantis e desrespeitosos que seus ídolos porventura possam ter em um show.

Afinal, quando as drogas, o álcool e o estilo de vida sem regras tomam conta da rotina de alguém ao ponto de impedi-lo de realizar qualquer outra atividade, ele deixa de ser um profissional e se torna, simplesmente, um viciado.

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